- outra crise de insônia?
- crise de tudo, sophie, de tudo!
- mon dieu, não precisa ficar irritada!
- ai... dai-me paciência...
- paciência peço eu que não agüento mais ser teu eu-lírico, yara!
- arruma as malas e vai embora, pois!
- é assim? é assim que se faz? simplesmente acaba?
- e tu já não sabes como é? nunca viu acontecer?
- por isso eu digo: seres humanos são patéticos!
- eu-líricos enxeridos também!
- tá, não tá mais aqui quem falou! adieu!

e não sei se volto!

sophie bordeaux

- levantei pra buscar um copo d'água e não te vi na cama, estranhei... que houve?
- nada, sophie.
- como nada, yara?
- sem sono, só.
- só?
- é, sempre só.
- ai... entendi. mas tá assim porque quer!
- não. ou, sim. é... é.
- não ou sim ou é?
- sim, tô assim porque quero. quero muito.
- mon dieu! que idiota! ainda nessa de querer?
- ah, sophie! eu vim pra cá pra ficar na minha! não me enche!
- ainda bem que eu não sou um ser humano patético que acredita nessas coisas...
- pela primeira vez, queria estar no teu lugar...
- rá, viu como ser eu é bem melhor? admite!
- *suspiro*
- hahahaha

é uma besta mesmo, sem mais...

sophie bordeaux

- yara?
- que foi, sophie?
- que tu tens?
- nada.
- em que sentido?
- em todos.
- ainda tem sentido?
- em que sentido?
- em todos.
- nem todos.
- ah...
- quê?
- nada.
- em que sentido?
- vai dormir...
- tu não vais?
- não... vou ficar a olhar o nada.
- não tem nada melhor pra ficar olhando?
- o que poderia haver de melhor no nada?
- é... tens razão.
- vai dormir que é melhor...
- tá. boa noite.

e eu fico aqui com meu cigarro, meu café e mais [o] nada.

sophie bordeaux

conversa êméssênica

yara b . diz:
e como estão as coisas por aí?
sophie diz:
ah, estão ótimas. essas férias me caíram muito bem, chérie.
yara b . diz:
que bom, sophie.
sophie diz:
e por aí?
yara b. diz:
o de sempre: mesquinharia, fofocas, intrigas e gente desocupada.
sophie diz:
mon dieu, cidade pequena é uma merde!
yara b . diz:
pois é, aqui nesta cidade só tem três pessoas.
sophie diz:
três pessoas? como assim?
yara b . diz:
uma sou eu. a outra és tu. e tem uma outra que a gente conhece. e essa outra que a gente conhece é a que fala mal de mim pra ti e de ti pra mim.
sophie diz:
mais que verdade isso que tu disseste, yara!
yara b . diz:
pois é. aproveita enquanto tu podes e fica o máximo que tu puderes longe daqui.
sophie diz:
e vou mesmo. au revoir!

cidade de hipócritas! não sabem nada da vida dos outros, mas adoram falar sobre.

sophie "prologando férias" bordeaux

as fadas que se fodam
e enfiem seus contos em qualquer canto
pois meus encantos se desencantaram
e o final é infeliz


sophie "saindo de férias" bordeaux

- que foi?
- nada!
- e essa cara?
- só tenho essa! tens dinheiro pra que eu faça uma plástica e mude de cara?
- grossa!
- chata!
- à merda!
- boa viagem!

TPM o nome disso...

sophie bordeaux

- yara, querida, devo admitir... temos coisas em comum.

- ai, sophie, levei até um susto agora...

- susto? por quê?

- tu me chamaste de "querida"...

- de fato, é até de se estranhar. mas a questão é que pensando cá com meus botões, percebi o porquê de eu ser teu eu-lírico.

- e foi?

- sim, eu ficava a me indagar por que chongas eu tinha sido destinada a ser teu alter-ego se não temos nada em comum, se nunca concordamos em nada.

- e o que percebeste em comum, sophie? [com ar de desconfiança]

- sabe essas pessoas suuuuuuuuuuuper-legais?

- aff... [com cara de nojo]

- exatamente! aff triplo com cobertura extra de caramelo!

- essa frase é minha, sophie...

- eu sei, tomei emprestado porque é até criativa, yara.

- obrigada.

- mas então, voltando ao assunto, nossa... como essas pessoas me dão ânsia. sempre com um sorriso falso no rosto, esbanjando uma felicidade enlatada.

- e não é? não entendo como elas escrotamente sustentam essa posição de "a vida é bela e eu curto muito". poha, não dá pra ser feliz o tempo todo.

- sim, concordo plenamente! e os dias em que se acorda de mau-humor? será que elas desconhecem isso?

- ou fingem desconhecer... agora me ocorreu um pensamento maldoso... [com ar nefasto]

- o quê? [com olhos brilhando de curiosidade]

- será que essa gentalha não fica triste nem com dor de barriga?

- huahuahuahuahuahuahuahua

- sem contar que grande parte dessas criaturas odiosas escrevem e falam em miguxês.

- mon dieu, é verdade! acho que não existe coisa mais imbecil que o miguxês...

- e mais: falam míseros cinco minutos contigo, porque teu amigo bêbado a apresenta a ti, e no dia seguinte: "oie, amigaaaaa! me add aê no seu orkut! beijokxxxxxxxxxxx".

- ui... sim, sim. verdade pura! é incrível como esse povinho tem a capacidade de se achar o "grande amigo de infância".

- mas, gente, será que esse povo não se toca da inconveniência que é eles terem nascido???

- u-lálá... como tu tens a língua afiada também, yara! acho que começo a me acostumar com a idéia de ter um sentido eu ser teu eu-lírico...

- rasgação de seda, sophie?

- também não é pra tanto...

- haha

- tem também aquele povo que, ao contrário dos suuuuuuuuuuuper-legais, vivem a se lamuriar das coisas que lhe acontecem.

- ai, sophie, é verdade... mas por hoje chega. falar da escória já deu por hoje.

- é, tens razão. procuremos algo melhor pra fazer.

- vou ler.

- eu também... boa noite.

porque gente playmobil é tão chata... eles merecem a morte. imediata!

sophie bordeaux